O momento actual do Sporting Clube de Portugal é delicado, concordo, e no entanto não estou minimamente alarmado, ao contrário de muitos Sportinguistas que, de forma legítima, admito, estão um pouco sem saber o que fazer ou pensar.
Ceder às pressões da banca e ceder o controlo da SAD e assim continuar com a excelente gestão desportiva e financeiro dos últimos, vá lá, 18 anos?
Ou resistir, porque estão fartos desta contínua humilhação proveniente de uma cambada de gestores de topo que acha que gerir um clube de futebol é como gerir uma conta bancária, onde o que interessa são somente os números? Mesmo que isso tenha outras implicações maiores.
Vamos por partes. Neste momento existe uma negociação entre duas entidades em que cada uma das partes pretende obter o melhor para si, naturalmente. Quem já alguma vez negociou, seja o que for, sabe muito bem que a chantagem é o último recurso e por norma rebenta da mão de quem a lança e tanto quanto se sabe a banca ameaça fechar a torneira.
Banca fecha a torneira. Contas estão cativas. Assim sendo o Sporting fica ingovernável, seja quem for o Presidente e sejam quem forem os investidores. Daí à insolvência é um passo e o passivo do Sporting à banca, 486M€ será um fardo bem pesado para estes bancos, bem como eventuais acções e movimentos sportinguistas de boicote a estes bancos, não subestimando os estragos que causarão na imagem dos mesmos. E o Sporting Clube de Portugal? Só terá um caminho, a refundação.
Banca coopera com o novo presidente do Sporting, que por sua vez abdica do controlo da SAD. Melhor do que antever este futuro será recordar os últimos 18 anos de gestão. Tenho dito.
Banca coopera com o novo presidente do Sporting, que por sua vez NÃO abdica do controlo da SAD, mas concorda com auditorias mensais. Este é o caminho. A banca não necessita de ter o controlo da SAD, até porque já deu mostras que não sabe gerir um clube de futebol, e pode sempre monitorizar todas as decisões desta direcção. É uma solução de compromisso, até porque uma parte não consegue sobreviver sem a outra. Naturalmente que como pessoas de bem que somos teríamos de amortizar parte da dívida à banca. E é aí que entra a parte desportiva. A fábrica de talentos é o que ainda nos dá alguma esperança e todos os anos teríamos, necessariamente, de ver alguma pérolas saírem para clubes com mais capital que o nosso. Isso teria de ser feito de forma sustentada e não da forma absurda que temos vindo a assistir, em que se vende passes de jogadores, ao preço da
uva mijona, a fundos geridos por empresas de paraísos fiscais. Nem vender jogadores para pagar salários [e que afinal era mentira]. Isto são pequenos exemplos de gestão danosa. O que me leva ao último ponto.
Auditoria de gestão. Sim ou não. Relembro aqui uma citação de um filme que muito me marcou na minha juventude. O Clube dos Poetas Mortos.
In life there is a time for daring and a time for caution, and a wise man knows which is called for.