As crónicas de Santiago Segurola são já um clássico do futebol da Península Ibérica. Desta vez o jornalista reporta-se a um fenómeno que se tem vindo a intensificar no futebol de nuestros hermanos, a falta de competitividade pelo título de campeão. Na verdade com um campeonato tão exigente como o espanhol temos vindo a assistir a um domínio alternado entre Real Madrid e Barcelona e as demais equipas não conseguem intrometer-se nessa disputa. O domínio avassalador destes clubes está almofadado pelo dinheiro que as transmissões televisivas lhes proporcionam em comparação com os adversários, Valência, At. Madird, At. Bilbao, Sevilha e Villareal.
Não há competição que resista a dois clubes que conseguem sempre contratar alguns dos melhores jogadores do mundo e mesmo um Sevilla, que tem dado cartas na Europa, não se livra da humilhação de ser goleado em Camp Nou, sendo encarado como algo natural, acaba por ser demonstrativo que algo de errado se passa com a competitividade desta competição. O que se passa no futebol português é algo semelhante, o que me motivou a escrever este post, com o SL Benfica e o FC Porto a dominarem em toda a linha.
Desde o momento em que o Sporting cometeu o harakiri de viver para dentro da sua academia e contratar somente jogadores de 2º plano, no melhor dos casos, e com isso se ter distanciado qualitativamente dos seus eternos rivais, que temos vindo a assistir a um fenómeno semelhante ao espanhol. Por essa razão coloquei estas duas questões no referido post:
Justifica-se então que o SL Benfica queira mais dinheiro das televisões?
Ou será que o valor pago pelas transmissões televisivas dos jogos de futebol devem ser idênticas para os 3 maiores clubes de Portugal?
E deixo aqui outra, estaremos também nós a caminhar para a destruição da competitividade do futebol nacional?
Liga espanhola está condenada à destruição:
A Liga espanhola está condenada a repetir-se. Cada temporada será a mesma que a anterior, com uma única diferença; o vencedor. Será o Barça - como nas últimas edições - ou o Real Madrid. É impossível pensarmos numa alternativa.
Os optimistas consideravam que este ano oferecia boas possibilidades ao Valência, Villarreal, Sevilha e Atlético de Madrid. Se não conseguissem ser campeões, pelo menos podiam ameaçar os dois colossos do futebol espanhol. A última jornada funcionou como um banho de realidade: os gigantes voltam a estar sós. Villarreal, Atlético de Madrid, e Valência empataram e o Sevilha até perdeu, humilhado em Camp Nou. Encaixou cinco golos.
O campeonato está submetido a um processo de destruição. O Real Madrid e o Barcelona recebem mais dinheiro de direitos televisivos que qualquer outro clube no mundo. Cada um cobra 120 milhões de euros pelo seu contrato com a empresa Mediapro. O terceiro clube no ranking é o Valência, com 44 milhões de euros. Segue-se o At. Madrid, com 42 milhões. Equipas como o Sevilha ou o Atlético de Bilbau - dois clubes de tradição em Espanha - recebem sensivelmente 20 milhões. E assim será até 2015. Cada temporada que passa agudiza mais as diferenças, que já são abissais. A competição está destruída, a maioria dos clubes encontra-se na bancarrota e os adeptos cada vez encontram menos motivos para sonharem com as suas equipas. O seu destino está traçado: a mediocridade.
A diferença também é escandalosa no que diz respeito às grandes potências do futebol europeu. A Juventus, o Inter de Milão e o AC Milan recebem, aproximadamente, 88 milhões de euros pelo contrato televisivo em Itália, que factura quase 50% mais que o mercado televisivo espanhol. Na Premier League, o sistema de distribuição concede 66 milhões de euros ao Manchester United. Na época passada, o clube que menos dinheiro recebeu foi o Middlesbrough; 40 milhões de euros, quase o mesmo valor que o Valência e o Atlético de Madrid tiveram direito.
Se, por outro lado, a Premier League e a Bundesliga se preocupam em manter uma fórmula equitativa que protege todos os clubes, a Liga espanhola distingue-se pelos enormes privilégios de dois clubes e a brutal diferença que os separa dos restantes. Resultado? Uma competição ferida de morte. Com o actual sistema, que seguramente se repetirá a partir de 2015 - último ano do actual contrato -, o futebol espanhol está condenado à destruição. A Liga espanhola não é uma competição real. É um lamentável simulacro.
Na época passada, o Barcelona obteve 99 dos 114 pontos que disputou. O Real Madrid conseguiu 96 e fez 102 golos. Perdeu a Liga porque foi derrotado nos dois jogos com o Barcelona. No fim de contas, a Liga resume-se ao duelo - primeiro em Camp Nou e depois no Bernabéu - entre as duas equipas. O restante tem, apenas, um valor ornamental. É comovente o esforço de equipas como o Hércules, recém-promovido à primeira divisão. Frente ao Real Madrid adiantou-se com um golo madrugador de Trezeguet. O sacrifício para manter a vantagem foi algo de dramático. O Real Madrid reagiu e marcou três golos na segunda parte. Ninguém pensou, por um momento que fosse, numa possível surpresa. É uma Liga sem nuances, empobrecida por um capitalismo selvagem que não atende os interesses do futebol em geral, apenas aos interesses muito particulares de dois clubes que não têm a mínima solidariedade.
Os optimistas consideravam que este ano oferecia boas possibilidades ao Valência, Villarreal, Sevilha e Atlético de Madrid. Se não conseguissem ser campeões, pelo menos podiam ameaçar os dois colossos do futebol espanhol. A última jornada funcionou como um banho de realidade: os gigantes voltam a estar sós. Villarreal, Atlético de Madrid, e Valência empataram e o Sevilha até perdeu, humilhado em Camp Nou. Encaixou cinco golos.
O campeonato está submetido a um processo de destruição. O Real Madrid e o Barcelona recebem mais dinheiro de direitos televisivos que qualquer outro clube no mundo. Cada um cobra 120 milhões de euros pelo seu contrato com a empresa Mediapro. O terceiro clube no ranking é o Valência, com 44 milhões de euros. Segue-se o At. Madrid, com 42 milhões. Equipas como o Sevilha ou o Atlético de Bilbau - dois clubes de tradição em Espanha - recebem sensivelmente 20 milhões. E assim será até 2015. Cada temporada que passa agudiza mais as diferenças, que já são abissais. A competição está destruída, a maioria dos clubes encontra-se na bancarrota e os adeptos cada vez encontram menos motivos para sonharem com as suas equipas. O seu destino está traçado: a mediocridade.
A diferença também é escandalosa no que diz respeito às grandes potências do futebol europeu. A Juventus, o Inter de Milão e o AC Milan recebem, aproximadamente, 88 milhões de euros pelo contrato televisivo em Itália, que factura quase 50% mais que o mercado televisivo espanhol. Na Premier League, o sistema de distribuição concede 66 milhões de euros ao Manchester United. Na época passada, o clube que menos dinheiro recebeu foi o Middlesbrough; 40 milhões de euros, quase o mesmo valor que o Valência e o Atlético de Madrid tiveram direito.
Se, por outro lado, a Premier League e a Bundesliga se preocupam em manter uma fórmula equitativa que protege todos os clubes, a Liga espanhola distingue-se pelos enormes privilégios de dois clubes e a brutal diferença que os separa dos restantes. Resultado? Uma competição ferida de morte. Com o actual sistema, que seguramente se repetirá a partir de 2015 - último ano do actual contrato -, o futebol espanhol está condenado à destruição. A Liga espanhola não é uma competição real. É um lamentável simulacro.
Na época passada, o Barcelona obteve 99 dos 114 pontos que disputou. O Real Madrid conseguiu 96 e fez 102 golos. Perdeu a Liga porque foi derrotado nos dois jogos com o Barcelona. No fim de contas, a Liga resume-se ao duelo - primeiro em Camp Nou e depois no Bernabéu - entre as duas equipas. O restante tem, apenas, um valor ornamental. É comovente o esforço de equipas como o Hércules, recém-promovido à primeira divisão. Frente ao Real Madrid adiantou-se com um golo madrugador de Trezeguet. O sacrifício para manter a vantagem foi algo de dramático. O Real Madrid reagiu e marcou três golos na segunda parte. Ninguém pensou, por um momento que fosse, numa possível surpresa. É uma Liga sem nuances, empobrecida por um capitalismo selvagem que não atende os interesses do futebol em geral, apenas aos interesses muito particulares de dois clubes que não têm a mínima solidariedade.
Fonte: Jornal Diário de Notícias
foi exactamente por esses motivos que, apesar do desaire do meu clube, na época passada fiquei feliz com o feito histórico do SC Braga.
ResponderEliminare que esta época torço para que surja um Vitória à força toda.
quanto mais competitividade, melhor, «penso eu de que» ;)
sobre as audiências e as verbas envolvidas: cuidado com quem visas. olha que o Oliveirinha [do grupo ControlInveste] não gosta nada que se metam com ele ;)
saudações PENTAcampeãs!
Tomo I
@Miguel. Respondeste à última pergunta e pensas como eu. O que se quer é competitividade e emotividade. Isso tb acabará por valorizar as nossas vitórias, certo?
ResponderEliminarTome-se como exemplo o resultado do último clássico, que praticamente decidiu a época, o que vai acontecer ao resto do campeonato? Vai ser longo e aborrecido! O próprio FCP verá as assistências caírem, porquê? Porque perdeu-se o factor emoção...
toda a gente tem direito a errar, ninguém é perfeito.
ResponderEliminarsó ñ percebo porque ficas todo chateado, mas estásse bem (;
Não estou chateado e claro que sim Filipa. Podes errar e não tem mal nenhum. Por isso te ajudei... e da outra vez também. O erro foi o mesmo, vamos lá ver se não existe uma 3ª vez :)
ResponderEliminarBeijinhos e aparece sempre!