Nunca fui de participar nas aventurosas peripécias da vida interna dos clubes. Parece-se demasiadas vezes com o pior da política e falta-lhe o melhor. Mas, ao ouvir Dias Ferreira tão desconfortado como a promoção da assembleia geral, pensei o mesmo que muitos sócios: “Ai não me queres lá? Então agora é que vou mesmo!” E fui. Pela primeira vez na minha vida. Habituado a outros campeonatos, perturbou-me o papel que uns rapazes de umas claques podem ter numa assembleia supostamente democrática. E o meu espanto é que, apesar de tudo, isto era pouco habitual no Sporting. As derrotas explicam o desespero e a irracionalidade. Mas não é só isso. Citando o bom Camões, um fraco rei faz fraca a forte gente.
E o fraco rei falou. A todas as críticas responde com vitimização, a todos os desaires responde com culpas de terceiros, à evidências dos factos responde com uma cegueira obstinada e perante o abismo responde com a inevitabilidade do passo em frente. Exige a união dos sportinguistas. A união não se exige. É conquista de boas lideranças. A união que segue o líder fraco para o desastre existe apenas nas manadas. Não são os sócios indignados que fragilizam o Sporting perante os clubes rivais. São os resultados desportivos e financeiros.
Os clubes nascem e morrem. E se nada se fizer para travar este desastre, o Sporting tem os dias contados. Mesmo que os seus funcionários não vistam ganga e os seus dirigentes usem jargão empresarial para tentar explicar os resultados do seu amadorismo. Bettencourt estará à frente do Sporting até 2013. Temo que um dia destes tenhamos de fazer uma escolha: ou o seu mandato não sobrevive ao Sporting ou o Sporting não sobrevive ao seu mandato.
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